A Universidade de Coimbra acolhe o IV Congresso Internacional – XVIII Congreso de História Agraria e XI Encontro Rural Report – nos dias 6 a 8 de setembro de 2023. À semelhança de anos anteriores a organização é da responsabilidade da Rural Report – Rede de História Rural em Português e da SEHA – Sociedad de Estudios de Historia Agraria –, aos quais se junta, enquanto entidade organizadora, o CEIS20 – Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra – através do grupo de investigação Paisagens em mudança. Laboratório da longa duração. O congresso decorrerá nas instalações da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e conta ainda com o apoio do Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra e do Município de Coimbra.
Neste IV Congresso Internacional propõe-se discutir uma questão fundamental: como alimentar a população humana? Este é um assunto tão importante hoje, como foi no passado. Sendo o acesso a alimentos suficientes uma necessidade vital, como atingir este objetivo é desde sempre uma ambição central para a Humanidade. Enquanto desafio individual e coletivo, as soluções encontradas variaram conforme a época e o local. Este congresso visa contribuir para identificar e explicar essas soluções, promovendo interpretações ancoradas no conhecimento histórico acerca das dinâmicas de produção, transação, transformação, armazenamento e consumo de bens alimentares.
O termo soberania alimentar surgiu nos anos 80, entrando no léxico dos debates em curso dentro e fora da academia desde que foi lançado pela Via Campesina, em meados da década de 1990. Quando se procuram alternativas ao sistema agro-alimentar que se tornou dominante no último século, discutir a soberania alimentar tem ganhado crescente pertinência. As definições de soberania alimentar têm variado e não existe consenso. Ainda assim, as formulações mais recorrentes expressam ideias associadas à necessidade de (re)conectar quem produz, distribui e consome alimentos como uma via essencial para operacionalizar o direito de todos a uma alimentação saudável, sustentável e culturalmente adequada.
Os estudos em torno da soberania alimentar evocam muitas vezes o passado, nomeadamente ao discutirem as mudanças ou continuidades nas relações das comunidades locais com os territórios e as instituições em que estão inseridas. Mas as conceções, os saberes ou as práticas que constituem essas heranças especificas nas diferentes comunidades continuam a carecer de análises históricas detalhadas. O que significa abordar historicamente a soberania alimentar? Como é que o conhecimento sobre o passado das comunidades locais pode contribuir para as soluções hoje necessárias?
O congresso é uma oportunidade para promover o cruzamento de abordagens inter&transdisciplinares na longa-duração, construindo uma História comparativa sobre as estratégias agrícolas e alimentares desenvolvidas pelas comunidades locais em ambos os lados do Atlântico. Por um lado, é fundamental compreender as dinâmicas internas das diferentes comunidades rurais ou urbanas, desenhando rotinas de produção e consumo de bens alimentares. Por outro, é necessário avaliar como os contactos estabelecidos com as comunidades locais, no contexto de vários impérios continentais ou transcontinentais e de Estados-nação, influenciaram a especialização produtiva e a construção de amplas redes de trocas.
Historicamente, estas estratégias podem relacionar-se com temas diversos, como alargamento das áreas cultivadas com policultura ou monocultura; construção de sistemas de regadio e condições de acesso à água; mecanismos de concentração fundiária e reformas agrárias; disseminação de novas sementes cultivadas e (agro)biodiversidade; ação dos poderes públicos gerindo abastecimentos locais e mercados globais; procedimentos de economia informal e formal; distribuição desigual dos rendimentos e condições de vida; movimentos sociais locais e translocais; alimentação saudável e dietas possíveis; experiências de escassez alimentar e soluções de autoabastecimento; exploração de recursos naturais finitos e interesses privados; organização do trabalho e migrações; desenvolvimento de agro indústrias e opções produtivas; impactos das alterações climáticas e mudanças de padrões alimentares; novas tecnologias e investimento financeiro; funcionamento de organizações internacionais e interesses locais; etc. Estes são alguns dos tópicos que desafiam a compreensão da historicidade da soberania alimentar.
Seguindo o espírito dos congressos anteriores, esta convocatória deseja incentivar uma discussão ampla, sem fronteiras cronológicas, espaciais ou disciplinares, criando condições para promover interpretações inovadoras a partir da História Agrária e Rural. Os diálogos inter&transdisciplinares sobre agricultura e alimentação que atravessam a historiografia de vários continentes convocam economia, sociologia, arqueologia, política, estudos culturais, geografia, demografia, ecologia, antropologia, mas também cada vez mais agronomia, biologia, nutrição, genética, veterinária ou quimica.
Este IV Congresso Internacional visa a consolidação dos estudos de História Agrária e Rural em perspetiva global, albergando simultaneamente o XI Encontro RuralReport e o XVIII Congreso de Historia Agraria del SEHA. O congresso está aberto à participação de especialistas de qualquer país do mundo, assim como de qualquer disciplina e época histórica. Os idiomas de trabalho são: português, espanhol e inglês.
As propostas para sessões plenárias (em número aproximado de três) devem incidir sobre as temáticas centrais do congresso, antes enunciadas, devendo também privilegiar a diversidade nacional e institucional dos participantes e dos estudos de caso apresentados. Procura-se que estas sessões promovam um debate cientificamente plural sobre os diferentes aspetos relacionados com a soberania alimentar, conectando o passado e o futuro.
As sessões paralelas e as mesas-redondas tendem a ter um enfoque mais específico e menor número de participantes, podendo incidir ou complementar direta e indiretamente as temáticas centrais.
Em qualquer dos casos, são bem vindas propostas de discussão teórica e metodológica, com dimensões comparativas e transnacionais, baseadas em enfoques qualitativos e quantitativos. As propostas que não forem admitidas como sessões plenárias, poderão ser reconvertidas em sessões paralelas ou posters por sugestão da Comissão Organizadora.
Organiza-se ainda uma sessão dedicada a jovens investigadores, que estejam a fazer doutoramento, investigando temáticas relacionadas com a História Rural e Agrária em qualquer universidade.
Para mais informações contactar: alberto.g.remuinan@uc.pt
Até 20 30 novembro 2022: aberta chamada para sessões
15 dezembro 2022 – 20 fevereiro 3 de março 2023:
aberta chamada para comunicações
10 março 2023:
informação sobre aceitação de comunicações
20 março 2023 – 15 junho 2023:
envio de comunicações para publicação on-line
20 março 2023 – 20 maio 2023:
pagamento de inscrição a preço reduzido
21 maio 2023 – 21 junho 2023:
pagamento de inscrição
14 julho 2023:
divulgação do programa final do congresso
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