A rede global de comércio tecida por Roma é um dos seus feitos mais notáveis. Estradas e pontes construídas por todo o Império foram os fios condutores dessa rede. E também os rios, quando navegáveis. As rotas marítimas prolongaram essa teia, consolidaram-na e conferiram-lhe ainda mais escala, sendo os corredores de circulação do grande comércio. Mas esta rede de comércio só se concretizou assim porque uma moeda única, a moeda romana, serviu de base a estas transações. É neste amplo mercado comum do Império Romano que surge um novo quadro económico, desenhado a outra escala, relacionado com a produção e fornecimento de alimentos.
Nesta sessão será trabalhada a dimensão económica desse tempo, tanto na perspectiva de produção e consumo de (novos) alimentos, como dos seus circuitos de distribuição, quer a longa distância, quer em circuitos regionais ou locais. A natureza e o impacto das transformações no cenário económico e, muito em particular, nas paisagens rurais desse mundo antigo, as diferentes escalas de produção e comercialização, as diferenças observadas entre províncias e regiões (litorais e interiores), as especializações ou adaptabilidades produtivas, bem como a estreita relação entre campo e cidade, também poderão ser abordadas com base em leituras de registos arqueológicos concretos. As diferentes e muito especializadas análises laboratoriais a que recorre a arqueologia para recuperar os traços que permitem uma visão mais integrada desse passado, no quadro de indispensáveis abordagens interdisciplinares colaborativas, deverão ainda ser particularmente valorizadas quando se abordam as dinâmicas de produção, transformação, abastecimento e consumo de produtos alimentares em época romana.