A retomada do interesse pela História Rural no Brasil tem produzido recentemente um conjunto muito diversificado de trabalhos que elegeram a propriedade fundiária como foco de suas atenções. Nos últimos anos, as reflexões sobre as diferentes formas de uso e apropriação do espaço rural têm ocupado um lugar de destaque na historiografia brasileira, com o fortalecimento de grupos de pesquisa como o Instituto Nacional de Ciência e Teconologia – INCT – Proprietas, que se esforçam para manter o profícuo e enriquecedor diálogo com os mais recentes debates no exterior.
Em que pese a abundância de recursos naturais e a diversidade de produções alimentares que caracterizam um país de dimensões continentais como o Brasil, a grande desigualdade social fornece um desafio adicional à obtenção da soberania alimentar, sobretudo quando se constata o retorno da fome no país nos últimos anos. Assim, o estudo das dinâmicas de produção e de abastecimento de alimentos na longa duração podem contribuir para lançar luz na compreensão de dificuldades e de questões que ainda persistem. O objetivo dessa sessão é o de apresentar três trabalhos que, em diálogo com produção recente sobre a história rural, expõem conflitos, processos de ocupação territorial e a construção de noções de direitos diante do acesso a alimentos e suas relações com a terra estabelecidas na capitania, província e depois estado do Rio de Janeiro, buscando um mesmo recorte espacial em meio às transformações na América Portuguesa, no Império do Brasil e na República.